Educação e Luta
Karolayne Gonçalves Ferreira
Desde
o inicio da nossa história
O
Brasil sempre teve escola
Porém
negros, indígenas e mulheres ficaram de fora
Do princípio
desta trajetória
Se
engana quem pensou
Que
os brancos protagonizaram
Pois
o papel principal foi dos obstáculos
Que
todos enfrentaram
O
que iniciou a mudança do ensino
Que
antes era apenas para um grupo privilegiado
Foi à
necessidade da industrialização
Onde
o país ainda se encontrava atrasado
Foram
assim designados os cidadãos:
Futuras
trabalhadoras e trabalhadores
Para
um ensino público, gratuito e laico
Onde
os empresários eram os maiores incentivadores
Em
64 na ditadura
Mudanças
no ensino estavam por vir
E alunos,
professores e servidores
Teriam
muitas adaptações a aderir
O
ensino para todos agora era obrigatório
Mas
com a redução das verbas gerou impotência
Educadores
e coordenadores se desdobravam
Para
conseguir dar aulas mesmo com a falta de assistência
Mas
essa conjuntura estava para mudar
A
partir de 1980 a situação sofreu uma virada
Iniciava
a era da redemocratização e do ensino público
Pois
a classe política e estudantil se uniram nessa jogada
O
resultado da união das entidades
ANDE,
UNE e CUT deram uma revigorada
Na
esperança do povo brasileiro
Em
ter uma educação restaurada
A
luta coletiva gerou muitos efeitos
Produziram
o “Manifesto à Nação” sem embaraço
O
objetivo estava cada vez mais próximo
Pois
na Carta Magna os princípios ali contidos foram adotados
Na
nossa Constituição Federal
A
educação Pública, gratuita e de qualidade está presente
Nos
Art. 6 e 236 está o direito do cidadão
E o
dever do Estado com sua gente
Milhares
de escolas foram criadas e melhoradas
Um
novo cenário agora estava por vir
Pois
agora teríamos instrumentos pra melhorar a educação
E o
sistema de ensino começar a fluir
Ainda
há escolas com dificuldades a enfrentar
Porém
professores e alunos voltaram a ter perspectiva
Pois
com a presença do apoio do governo
A luta
será mais que progressiva
Agora
falemos de um exemplo
De
uma escola próxima da capital do nosso Estado
Estou
falando do CEM 01 no Gama
Que
é uma RA do DF aqui no Cerrado
Em
2009 os professores e outros funcionários se esforçavam
Neste
Centro de Ensino que passava por dificuldades
Para
darem aulas sem desanimo aos seus jovens
Garantindo
uma educação em meio aos entraves
As
salas de aula estavam esburacadas
Havia
lugares sem acabamento, assim como quadros desgastados
As
carteiras também estavam ruins
Além
do chão com os pisos quebrados
A
escola estava com recursos escassos
A
verba da época não era suficiente
Para
prestar um serviço adequado para esses jovens
E
para os mais velhos um trabalho descente
A
estrutura física da instituição estava fraca
A
certeza disso veio com uma chuva muito forte
Onde
surgiu a necessidade de união
De
alunos e servidores em busca de um norte
A problemática
central naquele momento
Não era
mais sobre o estado das carteiras
Mas
sim o desabamento do muro da escola
Que
estava prestes a perder as
estribeiras
Este
muro como todos os outros
Tinha
o objetivo de oferecer conforto e delimitar o espaço
Espaço
aos que ali se encontravam para estudar e trabalhar
Em
uma estrutura de um governo João-sem-braço
O
Gama como qualquer outra região do DF
Tem
desigualdades sociais, violência e criminalidade
E o
desmoronamento do muro só contribuiu
Para
que na escola isso adentrasse
O
tráfico, violência e medo agora eram explícitos
Entre
os alunos ali do Centro de Ensino 01
Pois
não sabiam mais o que esperar
Esperavam
tudo de qualquer um
Diante
deste cenário um grupo de estudantes do segundo ano
Decidiu
concorrer às eleições do grêmio estudantil
Grêmio
este que estava desativado
E
que precisava voltar devido a estrutura escolar hostil
Uma
das chapas foi a “Chapa Online”
Onde
viram que a febre do MSN oferecia outras dimensões
Para
o encontro de vários jovens
Em
uma plataforma para discussões
E
desta maneira a chapa foi eleita
Conseguiram
fazer uma grande discussão
E a
sua principal pauta era o muro
E como
conseguiriam sua reconstrução
Logo
após o resultado oficial da eleição
Os
estudantes se reuniram com a diretoria
E na
primeira reunião se deram conta
De
que não sabiam o que um grêmio fazia
O
que tinham em mente era um ato
Com
direito a faixas, cartazes, eles queriam uma manifestação
Para
que pudessem reivindicar seus direitos
Chamando
até emissoras da televisão
Conseguiram
neste protesto a concentração
De
mais 200 pessoas, crianças, jovens e adultos
Onde
fizeram uma caminhada pelas ruas cantando e gritando
Mas
tudo isso sem tumultos
Além
deste ato fizeram também o contato
Contato
com os outros grêmios estudantis do Gama provendo uma união
Chamando
todos para lutarem pelos seus direitos
Formando
assim uma legião
Tiveram
o apoio de todas as escolas
Principalmente
a do CEM 02
Que
auxiliou o grêmio do CEM 01
A
não colocarem a carroça na frente dos bois
O
diretor do CEM 02 também convidou
A
eleita chapa a participar de uma reunião
Para
que pudessem juntar todas as pautas das escolas
Na
plenária da Juventude Revolução
E
assim fizeram o segundo ato
Agora
tiveram mais escolas envolvidas nesta manifestação
Foram
em média mil estudantes
Todos
unidos com uma mesma intenção
Cada
escola tinha sua pauta especifica
Mas
todos tinham em comum o desejo de chamar a atenção
De
um Estado que não amparava o sistema
De
ensino público de sua nação
O
resultado que todos buscavam
Demorou
pouco mais de dois anos
Um
novo muro entre outras reformas
Era
um dos objetivos que estavam nos planos
Porém
o maior resultado não foi
O
aumento do repasse das verbas ou mais funcionários atuando
Foi a (re)descoberta da força da juventude
E o
seu eco perpetuando
E
para não prolongar a minha fala
Deixo
com vocês a seguinte frase:
Não
haverá luta progressista na educação
Se
não voltarmos para nossa base.
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